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Estará a moda clássica ameaçada?

quinta-feira, 12 de janeiro de 2017
Estará a moda clássica ameaçada?

 A Brioni é um nome altamente considerado no universo da moda clássica masculina internacional. Com sede em Roma, a marca tem uma legião de fãs em todo o mundo. Mas hoje, a empresa enfrenta uma grave crise. Sensivelmente um terço dos seus colaboradores vai ser dispensado, qualquer coisa como 400 trabalhadores. Será este um caso isolado, ou um novo sinal dos tempos?

O momento atual da Brioni transformou-se mesmo num assunto político sério em Itália. Na última edição da revista francesa "Journal du Textile", a administração de Brioni assume que "a mudança radical no comportamento dos homens, que agora favorecem um guarda-roupa menos formal do que no passado, é responsável pelo declínio acentuado da marca”. O problema é que a Brioni não estará sozinha nesta viagem…a caminho do precipício.

Na Ermenegildo Zenga, mudanças de vulto também se antevêem no horizonte. O lendário criativo Stefano Pilati está de saída do grupo. O mesmo acontece com a marca masculina Berluti, com sede em Paris, que confirmou a saída do designer Alessandro Sartori. Haider Ackermann é o senhor que se segue.

“Não acho que a moda clássica esteja ameaçada, acho que tem de se ajustar às novas exigências do mercado”, admite Jorge Ferreira, criador da Vicri, do grupo Riopele. “Em tempos economicamente conturbados as pessoas procuram no vestuário algo que lhes dê ânimo, que lhes levante a auto-estima e que lhes transmita positividade. Não é uma boa fase para apostar em produtos minimalistas. Vê o caso do Alessandro Michele na Gucci. Trouxe uma nova roupagem à imagem da marca. Goste-se ou não, esta nova imagem prima pela ostentação e uso de cores fortes e contrastantes e ao analisar os resultados da marca os mesmos superaram as expectativas após esta “renovação”. Obviamente isto é um exemplo, no meu ponto de vista a moda masculina tradicional não vai desaparecer vai é ter de ser mostrada de uma forma mais criativa, sem preconceitos e quebrando alguma regras do que é ou não aceitável nesse segmento”.

O responsável da Vicri assume que “o mercado está saturado de marcas clássicas tradicionais, tem de existir uma reinterpretação do que o homem atual realmente necessita e procura no dia-a-dia”. Para Jorge Ferreira, “o que está ameaçado é o homem de padrões tradicionais na forma de vestir, de estar e pensar. Cada vez nos cruzamos menos com homens de fato e gravata, vestidos ao rigoroso estilo tradicional. Aliás, os poucos indivíduos que ainda se apresentam desta forma passaram a ser vistos como profissionais de farda, alguém que a profissão obriga a padrões rigorosos de apresentação. São cada vez menos. Mesmo na classe politica, feliz ou infelizmente estes padrões de indumentária estão a mudar. Isto inevitavelmente será sentido na rua e consequentemente no mercado. Por isso temos de ajustar as coleções a esta nova realidade”.


No calçado:
mudanças que vieram para ficar

As mudanças no calçado são igualmente muito significativas. “Era expectável que, depois das grandes marcas terem mudado a agulha e apostado em calçado mais funcional, todo o universo da moda reagisse. Acredito que se trate de uma tendência que veio para ficar”. A consideração é de Fernando Bastos Pereira, o produtor de moda que trabalha com a APICCAPS há vários anos na campanha “Portuguese Shoes – The Sexiest Industry in Europe”.

As empresas não tardaram a responder. “Tivemos de nos adaptar, reinventando mesmo os modelos mais clássicos”, adiantou André Fernandes, da Evereste, que acaba de lançar a marca Perks. “Temos muita experuiência acumulada, que nos permitiu mudar técnicas de fabrico e mesmo de construção. Encontramos novas soluções, flexibilizamos os modelos e apostarmos em matérias-primas mais suavas, que vão ao encontro das expectativas dos nossos clientes”.

Também Sérgio Cunha, da Nobrand, não tem dúvidas de que esta é uma moda…para durar. “Encaixa muito bem em todo o tipo de ambientes. Além disso, o estilo descontraído é hoje uma tendência global, aumentando assim a procura por este tipo de produtos”. O responsável da Nobrand assume que “uma moda virada para modelos de calçado mais formais e menos desportivos, na verdadeira ascensão da palavra, será mais benéfico para as empresas nacionais”. No caso do grupo Nobrand, a resposta recaiu “na recriação de estilos mais clássicos, com um toque desportivo, e na aposta na diferenciação”.

Fonte: www.portugueseshoes.pt
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